04 janeiro 2009

Novas telas de celular gastam menos bateria

Os consumidores adoram as grandes e brilhantes telas coloridas dos smartphones, mas não a voracidade com que consomem baterias.
Agora a Pixtronix, a Qualcomm e outras companhias estão desenvolvendo tecnologias que conservam a vida útil da bateria de portáteis, num momento em que as pessoas passam cada vez mais tempo não apenas falando ou mandando mensagens, mas também navegando a web e vendo TV.
Uma nova tela colorida de um protótipo da Pixtronix utiliza eficientes LEDs, criando a imagem com milhares de minúsculos obturadores que abrem e fecham como portas digitais de bolso.
Uma nova tecnologia da Qualcomm aproveita a luz natural, refletindo as ondas curtas azuis da luz do dia, por exemplo, e as combinando no mesmo processo que permite o bluebird oriental brilhar com cores resplandecentes ao sol.
A eficiência energética é amplamente procurada por fabricantes de dispositivos móveis, segundo Paul Semenza, vice-presidente sênior da DisplaySearch, uma empresa de pesquisa de mercado em Austin, Texas.
"Todos estão buscando a cor de baixa energia," disse Semenza.
A tecnologia da tela da Pixtronix, uma companhia de monitores de Andover, Massachusetts, é chamada PerfectLight. A companhia, que desenvolve internamente a tecnologia desde 2005, apresentou ao público seus primeiros protótipos no final de outubro.
"Oferecemos um quarto do consumo de energia de uma tela de cristal líquido," disse Mark Halfman, vice-presidente de marketing da Pixtronix. Os protótipos PerfectLight demonstraram utilizar menos de 50 miliwatts para a luz de fundo de um smartphone, em contraste com os cerca de 200 miliwatts necessários em uma tela de LCD tradicional, disse.
A atual tecnologia LCD é ineficiente porque perde muito de sua energia ótica enquanto a luz passa por polarizadores, filtros e cristais, disse Semenza. Os polarizadores podem cortar a intensidade da luz pela metade, e os filtros de cor a reduzem ainda mais. Como tanta energia é bloqueada ou filtrada dessa forma, a luz de fundo precisa ser extremamente brilhante para criar cores vivas.
"Podemos acabar com apenas um quinto da energia ótica liberada pela luz de fundo - ou ainda menos," disse.
A perda ótica não ocorre na PerfectLight porque os cristais líquidos, polarizadores e filtros de cor do LCD são eliminados, disse Halfman. Ao invés disso, a imagem é criada por milhares de obturadores com sistemas microeletromecânicos, ou MEMS, controlados digitalmente, que abrem e fecham em cada pixel, permitindo a passagem da luz dos LEDs vermelhos, verdes e azuis.
"Existe um obturador para cada pixel," disse. Uma tela de celular teria entre 76 mil a 300 mil obturadores para o mesmo número de pixels.
Ele afirma que a Pixtronix espera licenciar a tecnologia para fabricantes de monitores.
"Os fabricantes vão usar nossos monitores para ganhar um diferencial de mercado em termos de consumo de energia" em comparação às telas tradicionais de LCD, disse.
A Qualcomm MEMS Technologies, subsidiária da fabricante de chips wireless Qualcomm, de San Diego, também utiliza sistemas microeletromecânicos em sua nova tecnologia de monitores Mirasol. (O nome se inspira nas tecnologias de base - "mira" para os espelhos usados nos dispositivos e "sol" para a luz solar utilizada.) Diferente da PerfectLight, entretanto, a luz para os pixels vem não de LEDs, mas de uma fonte bem mais barata: a luz ambiente. Para formar a imagem, minúsculas estruturas óticas semelhantes a espelhos no MEMS refletem seletivamente o vermelho, verde e azul.
Os dispositivos da Qualcomm não são fabricados com silício, como a maioria dos MEMS, mas com vidro, um material bem mais barato, disse Chris Chinnock, presidente da Insight Media, uma empresa de pesquisa de mercado em Norwalk, Connecticut.
Segundo ele, a cor na tela não se perde em contato direto com a luz solar. "Você leva a tela para o sol e, uau, funciona fantasticamente," disse.
James Cathey, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Qualcomm MEMS Technologies, disse que a tela reflexiva precisaria de muito pouca energia. "Já que podemos aproveitar a luz ambiente, nossa tecnologia é de baixa energia, até um miliwatt," disse.
As telas da Qualcomm podem em breve aparecer em praias e estações de esqui. A Mirasol será usada em um aparelho de MP3 à prova d'água da Freestyle Audio de San Diego, disse seu fundador e presidente Lance Fried. Segundo ele, o aparelho vai custar entre US$ 80 e US$ 100. A tecnologia Mirasol também será usada na tela de um aparelho de MP3 integrado a um fone de ouvido, que será vendido pela Skullcandy, de Park City, Utah, disse Tom Brady, diretor de marketing.
A E Ink Corporation, de Cambridge, Massachusetts, que desenvolveu monitores eletrônicos em preto e branco de baixa energia para leitores de e-books, também trabalha numa tela colorida que, como a da Qualcomm, aproveita a luz ambiente. Um protótipo possui uma tela colorida flexível sobre aço inoxidável. "Nossas telas coloridas serão legíveis à luz do sol," disse Sriram K. Peruvemba, vice-presidente de marketing, e vão precisar de muito pouca energia para realizar o trabalho.
"Imagine," disse, "se você está lendo o jornal em seu laptop e é interrompido pelo telefone," o jornal no laptop vai consumir energia até seu retorno. "Com a tecnologia que estamos desenvolvendo, porém, você pode deixar de lado o monitor e conversar" e não se preocupar com o gasto da bateria.

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